A chegada da nova geração de softwares de Modelagem Geoestatística
Durante minha visita ao PDAC 2025, observei uma forte movimentação das empresas em direção à inovação em aplicações nas geociências. Fiquei surpreso ao ver o aumento significativo no número de equipamentos todo-terreno projetados para capturar informações digitais a partir dos testemunhos de sondagem. Esses equipamentos integram, em diferentes níveis, tecnologias de escaneamento por imagens, hiperespectral, XRF e processamento de dados com ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA).
No entanto, o que realmente me faz pensar que estamos entrando em uma nova era da mineração digital não é apenas a proliferação desses equipamentos, mas sim o surgimento de novos softwares para estimativas geoestatísticas. De forma geral, podemos resumir as principais características nos seguintes pontos:
- Execução na nuvem, proporcionando maior acessibilidade e colaboração.
- Alta velocidade de processamento, acelerando significativamente tanto as estimativas lineares quanto as simulações condicionais.
- Parametrização automática de todo o processo de estimativa ou simulação, incluindo a variografia.
- Equilíbrio entre automação e flexibilidade; mantém-se a flexibilidade para edição de parâmetros ou uso de códigos em notebooks em ambiente Python, permitindo personalizar ou adaptar fluxos de trabalho para problemas específicos.
- Integração com notebooks, permitindo que os processos de estimativa sejam combinados com ferramentas de Deep Learning ou Machine Learning.
- Ambientes multiusuário, ideais para projetos colaborativos em escala global.
Questões-Chave Sobre Essa Evolução Tecnológica
Como acontece sempre que ocorrem grandes evoluções tecnológicas, considero importante fazermos algumas perguntas. Como garantiremos a privacidade dos dados carregados na nuvem e lidaremos com os aspectos de cibersegurança associados? Sabemos que, na mineração – e em muitas outras áreas – lidamos com dados estratégicos e altamente sensíveis. Já mencionei que esses softwares facilitam o trabalho multiusuário, algo essencial em um mundo digital onde projetos são conduzidos por equipes distribuídas globalmente, como ocorre conosco na GeoEstima. No entanto, isso também expõe esses dados. Como equilibraremos o trabalho colaborativo na nuvem com a segurança da informação?
Outra pergunta que surge é: quem assinará ou validará os critérios e parâmetros intrinsecamente definidos nessa automação? Como atuarão os profissionais qualificados nesse tipo de processo? Acho fundamental não esquecermos que, até o momento, nenhuma IA pode substituir o julgamento e a experiência de um profissional da área. Por isso, entender como os especialistas se integrarão a esse novo paradigma é essencial.
Para Onde Estamos Indo?
No curto prazo, vejo duas grandes mudanças na forma como trabalhamos:
- O aumento da velocidade de processamento resultará em uma redução dos prazos para a construção de Modelos de Recursos e no uso ampliado de ferramentas nos processos de controle de minério.
- As simulações condicionais finalmente se consolidarão como ferramentas de uso frequente em estimativas de recursos, controle de minério e geometalurgia.
O Que Eu Gostaria de Ver Nesse Novo Cenário?
Do ponto de vista de alguém que trabalha há décadas na indústria minerária e acompanha de perto cada inovação, três aspectos me interessam especialmente:
- Testar essas ferramentas na prática, para avaliar sob a ótica de um estimador de recursos pragmático.
- Explorar a integração da geoestatística não linear nesses ambientes de trabalho.
- Descobrir quais serão as inovações na modelagem geológica 3D dentro dessa nova mineração digital.
Tempos empolgantes estão por vir! O que vocês acham?